Lição 3 – A Natureza do Ministério Profético

FONTE: Ministério Engel

ATUALIZADO: 19 de novembro de 2014

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Os profetas são levantado pessoalmente por Deus para um tempo e uma obra específica. O ministério profético é de natureza divina. No grego, o termo utilizado para designar profeta é prophetes, que indicaria a ideia popularmente traduzida por mensageiro celestial. Contudo, a palavra em grego é muito complexa, pois se forma a partir de dois termos: pro e phemi. Enquanto phemi significa dizer, proclamar, pro pode significar antes de, e/ou no lugar de alguém.

 

I – O ministério profético é de origem divina

A amplitude do ministério de profeta Elias revela a sua natureza. O Antigo Testamento fecha fazendo referência a ele: “Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível dia do Senhor, e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5-6). Este texto revela que é o Senhor que envia o profeta.  A sua voz é a expressão da voz de Deus.

A palavra do Senhor chega à nação por meio de declarações dos profetas enviados por Deus, frequentemente direcionadas a seus líderes. Em cada período houve um ou mais porta-vozes que falaram em nome de Deus e que desempenharam uma parte significativa de lembrar o rei e o povo quanto aos requisitos de Deus. Entre os profetas citados, encontramos Natã, que interveio no final do reinado de Davi (lRs 1.22). Aías, de Siló, predisse a divisão do reino depois de Salomão, entregue a Jeroboão de Israel, bem como o anúncio da morte do rei (1 Rs 11.29-39; 14.1-18). No mesmo período, a intervenção de Semaías com Roboão de Judá postergou a queda final (1 Rs 12.21 -24), enquanto dois profetas anônimos falaram da profanação de Betei (lRs 13.1-32). Jeú, filho de Hanani, advertiu quanto ao final da família de Baasa por seguir os maus caminhos de Jeroboão (1 Rs 16.1-4). Todos eles, assim como Elias, e Eliseu, enviados pelo Senhor.

II – O ministério profético possui um caráter sobrenatural

Elias não morreu, é referido no monte da transfiguração (Mt 17), e foi o homem que Deus usou pela primeira vez na história para quebrar o poder da morte. Antes de Elias, nenhum ser humano ressuscitou. A semelhança de Moisés, a sua palavra interfere no curso dos acontecimentos da natureza. Ele decretou pelo poder da palavra profética que não choveria, e não choveu. Orou e o céu mandou chuva e a terra deu o seu fruto (Tg 5.17-18). Fez refeições preparadas por anjos, alimentou-se com carne trazida por corvos. Elias restaurou o altar em ruínas (1 Rs 18), restabelecendo a adoração ao Deus único, e a sua palavra desconfigurou domínios de principados, ocultismo, idolatria, injustiça e paganismo alimentados por gerações. Um único homem se tornou uma arma extraordinária nas mãos do Deus vido, mantido sobrenaturalmente por Ele numa terra iníqua.

III – O ministério profético muda o curso da história

O teólogo Von Rad diz que a profecia é “uma força criadora de história” e percorre toda a narrativa de 1 e 2 Reis de maneira mais ampla do que normalmente é reconhecida, retirando os fatos históricos. Longas narrativas relacionadas aos profetas Elias (1 Rs 17— 19; 21; 2 Rs 1) e Eliseu foram agrupadas. Apenas o ministério dos dois cobre um período de quase um século, desde o reinado de Acabe até o de Joás, neto de Jeú e ocupa cerca de um quarto do livro de Reis. Ao mesmo tempo, Micaías, filho de Inlá, e um profeta anônimo caminharam na direção oposta à dos grandes grupos de falsos profetas, aconselhando Josafá de Judá e Acabe de Israel (l Rs 22.8; 20.35-43). Em Israel, Jonas, filho de Amitai, predisse a restauração do território perdido a Israel durante a época de Jeroboão II (2Rs 14.25). Os profetas enviados pelo Senhor redirecionam a história.

IV – O ministério profético decreta o cumprimento da Palavra de Deus

O papel desses profetas era basicamente proclamar aos governadores e ao também ao povo “a Palavra do Senhor” que eles haviam recebido. Eles são a voz do Senhor entre os homens. Mas, trata-se da Palavra do próprio Deus. O texto bíblico afirma especificamente quando eventos cumpriram a Palavra do Senhor que lhes fora dada ou que aconteceram “segundo a Palavra do Senhor” autenticando assim sua mensagem de acordo com a tradição deuteronômica (Dt 18.21-22). Às vezes suas palavras eram demonstradas por sinais, como o ato de rasgar a capa realizado por Aías (IRs 11.30), o fendimento do altar (1 Rs 13.3) ou, ainda, eram acompanhadas por música (2Rs 3.15) ou ações simbólicas (2Rs 4.41; 5.27; 13.17- 19; 20.9-11). As vezes o ofício profético era apenas revelador, outras vezes transformador (Ez 37).

V – O ministério profético transforma a natureza dos eventos terrenos

É fundamental uma compreensão mais ampla do ambiente em que Elias aparece, para termos uma ideia das transformações que ocorreram com a sua chegada.

1.      Interrompe o crescimento do mal sobre a terra

Donald J. Wiseman comenta que a casa de Onri (1 Rs 16.21—22.40) refere-se ao período desencadeado pelo sexto rei de Israel, que fundou uma nova dinastia (os Onrides) e que durou três gerações que envolveram os ministérios dos profetas Elias e Eliseu. enfatizam a perspectiva seletiva do historiador. Os reinos iniciados por Onri ocupam um terço da sua narrativa total (1 Rs 16- 2Rs 12) e isto inclui a ênfase sobre o conflito entre o reino de Deus e Elias e Eliseu, contra o governo do mal. Ele fundou uma nova capital em Samaria (1 Rs 16.23-24) e exerceu um mal reinado (1 Rs 16.25-26).  Ele excedeu a todos os seus predecessores em iniquidade (1 Rs 16.25-16).Ele unificou o reino do norte e construiu fortalezas em Astaroth. Sua dinastia durou mais de 40 anos.

1 Rs 16.29-34) revela que o reinado de Acabe sequencia um avanço do mal crescente em sua família (1 Rs 16.30-32) progressivamente pior do que aquele feito por Onri. Pois Acabe tratava os pecados dos seus predecessores como triviais (uma coisa suave) e por seu casamento com uma estrangeira devota ele introduziu o culto a Baal oficialmente em paralelo ao culto ao Eterno. Elias e Eliseu aparecem neste cenário, encorajando o culto e adoração ao verdadeiro Deus (1 Rs 17.1-22.38). Acabe tinha um único nome não-israelita. Ele era chamado por seu contemporâneo, o rei assírio Shalmaneser III (859-824 a.C.). Mas com Elias e Eliseu, o avanço do mal sobre a terra é interrompido.

2.      Cria um tempo novo do governo de Deus sobre a terra

As histórias sobre Elias (lRs 17—19; 21; 2Rs 1) e Eliseu (2Rs 2.1—10.36) são colocadas juntas. Consequentemente, recebem o nome de “ciclo de Elias” e “ciclo de Eliseu”. São colocadas dentro da última década da dinastia de Onri (Jeorão — Joás), cobrindo o final do ministério de Eliseu e estendendo-se até os sucessores de Jeú. Um retrato notável e vivido é registrado numa variedade de incidentes que podem muito bem ter sido ricas lembranças retidas por grupos de profetas e registradas em memórias proféticas, como no caso de Samuel, Natã e Esdras. As evidências circunstanciais fornecidas por detalhes de lugar, pessoas e eventos (e.g., seca, Nabote, monte Carmelo, Sarepta, menino que ressuscitou [lRs 17.17-24] e a prisão de Elias [2Rs 1.9-16]) estão todas entre os muitos acontecimentos que foram testemunhados, relembrados e recontados (e.g., 2Rs 8.4-5), indicam a abertura dos acontecimentos para um momento novo, marcado pela ação poderosa de Deus.

3.      Gera uma nova geração de homens tementes a Deus

A frase “fez o que era reto ao Senhor” é dita em relação a apenas dez reis de Israel, incluindo inicialmente Salomão (1 Rs 3.3; cf. 11,6), e está relacionada a influência dos profetas. A referência se dá por comparação aos pais, especialmente o rei “ideal” Davi, como fundador da dinastia pela qual ele mesmo foi avaliado (1 Rs 15.15). E digno de nota o fato de o livro de Reis dizer que Asa “fez o que era reto perante o Senhor, como Davi” (1 Rs 15.11; lCr 14.12). E Davi tinha Natã e Gade como profetas, além de Samuel, que definiu o rumos dos fatos em sua vida. O mesmo fizeram Ezequias (2Rs 19.3) e Josias (2Rs 22.2). Outros que “fizeram o que era reto” são comparados a seus antepassados imediatos que fizeram o mesmo, como acontece com Josafá e Asa (lRs 22.43), Azarias e Amazias (2Rs 15.3) e Jotão e Azarias (2Rs 15.24). É notável que a influência dos pais tenha sido reforçada pelo encorajamento e advertência dados pelos profetas contemporâneos (a Asa por Azarias e Hanani, o profeta (2Cr 16.7), a Josafá por meio de Jeú, o profeta, e por Micaías (2Cr 18.8; 19.2), a Jeú por um profeta anônimo (2Rs 9.1-10) e por Jonadabe (2Rs 10.15). Joás foi encorajado pelo sacerdote Joiada (2Rs 12.2) e repreendido por Zacarias (2Cr 24.20).

O mesmo se verifica em relação a Amazias (2Rs 14.3; 2Cr 25.7s), Azarias(2Rs 15.3; 2Cr 26.5)e Jotão(2Rs 15.34). Ezequias ouviu Isaías (2Rs 19.1-2; 20.1,14) e Josias ouviu a profetisa Hulda (2Rs 22.14, 20). O veredicto de “fazer o que era reto” implica que o leitor reconheceria que o rei estava sendo medido pelo padrão da lei divina — “como está escrito na Lei de Moisés” (cf. IRs 2.3; 3.14; cf. Dt 6.7-10) — e da aliança de Deus com seu povo (Dt 12.28; 13.19). Esse julgamento não está restrito apenas àqueles sobre quem se diz terem iniciado reformas exigidas na lei deuteronômica, como a remoção e a destruição de lugares altos, postes ídolos (Aserá), requerida pela mensagem profética, além das prostitutas cultuais ou sacerdotes pagãos, uma vez que tais ações estão registradas tanto no caso daqueles que receberam esse veredicto em suas carreiras quanto no dos que não foram assim julgados. O julgamento também não está relacionado especificamente à prossecução dada pelo rei aos serviços do templo em Jerusalém.

V – O ministério profético estabelece os decretos de Deus.

Às vezes as palavras de Deus tomam a forma de decretos poderosos que causam eventos ou até mesmo trazem coisas à existência. “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1.3). Deus criou ainda o mundo animal proferindo sua poderosa palavra: “Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez” (Gn 1.24). Por isso, o salmista pode dizer: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles” (Sl 33.6). O ministério profético emite decretos do céu a terra pela natureza dessa palavra, proclamada por eles. Elias decretou que não choveria e não choveu. Decretou que não faltaria a farinha e o azeita na panela da viúva, até que chovesse, e não faltou. Assim, conclui Wayne Grudem, “nas Escrituras Deus levanta profetas para falar por meio deles. De novo, é evidente que embora sejam palavras humanas, faladas em linguagem humana comum por seres humanos comuns, sua autoridade e veracidade não sofrem nenhuma redução; ainda são inteiramente palavras de Deus”.

Conclamação profética à adoração ao verdadeiro Deus

Era necessário um direcionamento do coração do povo para os lugares de adoração. lRs 3.2-4; 11.7; 12.31,32; 13.2,32,33; 14.23; 15.14; 22.44; 2Rs 12.4; 14.4; 15.4,35; 16.4; 17.9,11,29,32; 18.4,22; 21.3,5,8,9; 23.13,15.19-20.

Questões

1.      O que comprova que o ministério profético possui origem divina?

2.      O que revela que o ministério de Elias era de caráter sobrenatural

3.      O que muda quando alguém dá ouvidos à palavra profética?

4.      Liste três fatos que diferenciam Elias dos demais profetas.

5.      Cite o nome de três homens que foram abençoados por honrarem os profetas do Senhor.

6.      Como o ministério profético é respaldado pelo poder da Palavra de Deus?

7.      De que maneira o ministério profético interfere no avanço do mal sobre a terra?

8.      Um profeta verdadeiramente enviado por Deus pode mudar o curso da Natureza?

9.      A palavra profética pode interferir no curso dos eventos históricos? Cite um exemplo!

10. Como os decretos divinos agem em nosso mundo?

Bibliografia

BARCLEY, William. Evangelho de Marcos. Produção estrangeira, 2010.

GRUDEN, Wayne. Teologia sistemática. SP, Vida Nova.

HENRY, Matthew. Comentário bíblico do Antigo Testamento – Gênesis a Neemias. RJ, CPAD.

MOODY, D. L. Comentário Bíblico do Antigo Testamento. 2010.

WISEMAN. Donald. 1 e 2 Reis. SP, Vida Nova. 2008.

 

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