O rito do pão e vinho

FONTE: Ministério Engel

ATUALIZADO: 5 de fevereiro de 2018

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Quando Jesus se reúne com os discípulos para comemorar a páscoa, poucos sabiam que aquela seria a última celebração com o Carpinteiro de Nazaré. A casa foi escolhida, tudo estava preparado de acordo com a tradição. A ceia é servida e os discípulos celebram o grande livramento de Deus.

A páscoa, palavra que deriva do hebraico “pessach”, o mesmo que “passagem”, celebrava a libertação do povo judeu do cativeiro no Egito. Era de se esperar que Jesus, como muitos que atingem um sucesso estrondoso, fosse celebrar essa cerimônia com pessoas importantes da sociedade, mas para espanto de todos, Ele preferiu se cercar dos mais íntimos.

Na casa escolhida, junto de seus mais íntimos discípulos, Jesus prepara a cerimônia. Tudo está perfeito e bem colocado, o cordeiro bem preparado, o pão e as ervas amargas, o vinho, tudo está ali. Mas dois elementos são destacados por Jesus: o pão e o vinho. Um representaria sua carne o outro o seu sangue.

Conforme lemos: “[…] o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (1 Coríntios 11.23 – 25).

O pão e o vinho são oferecidos naquela cerimônia, criando um novo ritual: a Santa Ceia. Mas de onde vem este gesto de oferecer pão e vinho? Por que Jesus usou destes elementos para representar, respectivamente, seu corpo e seu sangue?

A primeira vez que encontraremos a citação do pão e vinho na Bíblia foi em Gênesis 14.18, onde Abrão se encontra com o rei e sacerdote Melquisedeque, por volta de 1800 a.C. Acredito que em uma tipificação do próprio Senhor Jesus, Melquisedeque oferece pão e vinho como sinal de bênção para Abrão. Esse ritual passaria a ser chamado de Kidush.

O Kidush (do hebraico, “santificação”) era representado através do vinho e do pão, com o objetivo de “santificar” e abençoar aquele que recebia esses elementos. Abrão estava sendo abençoado por Melquisedeque, tornando-se um filho espiritual para aquele sacerdote.

Abraão reconheceu a autoridade sacerdotal de Melquisedeque, lhe entregando o dízimo (Gênesis 14.20), como também recebendo a bênção que ele proferia (Gênesis 14.19). É a primeira vez que a Bíblia faz menção ao termo “sacerdote”. “Melquisedeque era cananeu, e, como Jó, é um exemplo de um não israelita, servo de Deus. Melquisedeque é um tipo ou figura da realeza e sacerdócio eternos de Jesus Cristo, que é sacerdote e rei (Salmos 110.4; Hebreus 7.1,3)” (STAMPS, 1995, p. 54).

O nome Melquisedeque vem do hebraico “Malkisedeq”, que significa “rei da justiça”. A Bíblia diz que ele era rei de Salém, antiga Jerusalém, e sacerdote de El Elion, o Deus Altíssimo. Apesar do seu surgimento repentino no contexto sagrado, a história de Melquisedeque é mencionada nas Escrituras em alguns versículos, tais como Gênesis 14.18 – 20; Salmos 110 e na Epístola aos Hebreus.

Depois do ritual envolvendo Abrão e Melquisedeque, o pão e vinho também passam a ser usados na santificação das festas judaicas e do Shabbat. Esses elementos podiam simbolizar tanto significados espirituais, como naturais. O pão como elemento de suplementação e provisão, e o vinho como elemento terapêutico e de equilíbrio emocional.

Abraão foi recepcionado por Melquisedeque com pão e vinho, sendo abençoado pelo sacerdote e rei de Salém. A partir deste momento Abrão entra debaixo da cobertura espiritual de Melquisedeque, oferecendo em seguida o dízimo de tudo o que havia conquistado. Este era o Rito do kidush para alguém ser recebido na cobertura do Rei Sacerdote de Salém: o sacerdote o recebe com pão e vinho e o ele entregava-lhe o dízimo.

Hebreus 7.6: “mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas.”

O pai espiritual recebe o Dízimo e abençoa aquele que tem as promessas.

É assim que foi confirmada a bênção de Deus e as promessas e os Sonhos de Deus foram ativados na vida de Abrão.

Ao reconhecer a autoridade sacerdotal de Melquisedeque, Abrão confirmava que Melquisedeque era um tipo ou figura da realeza e sacerdócio eternos de Jesus Cristo. Por isso se diz que o sacerdócio de Cristo é “segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 6.20), porque é anterior ao sacerdócio de Arão e da tribo de Levi, que só foi instituído na Lei (Êxodo 28.1 – 29).

Quando Abrão é recebido pelo rei sacerdote, ele está sendo recebido por um pai espiritual, se submetendo a sua cobertura espiritual, o que lhe permite herdar ser abençoado pelo sacerdote e rei de Salém. Abrão está exercitando sua fé em Deus, confirmando a institucionalização do sacerdócio, dos dízimos e da submissão ao Deus Altíssimo.

Quando abençoou Abrão, Melquisedeque reconheceu nele um servo do Deus Altíssimo, confirmando também as promessas do Senhor sobre a vida do patriarca. A bênção de Melquisedeque estava dando a Abrão a responsabilidade de transmitir as gerações a sua fé em Deus.

Jesus, à semelhança de Melquisedeque também recebe seus discípulos com Pão e Vinho. Institui a celebração eterna de uma Santa Ceia que será celebrada até mesmo no Reino dos Céus. A Bíblia diz: “E eu vos destino o Reino, como meu Pai me destinou, para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Lucas 22.29 e 30).

O Mestre dos Mestres estava familiarizado com o rito do Kidush, pois era sabedor da importância da adoção espiritual. O sacerdócio eterno vai de geração em geração, chegando até Jesus Cristo conforme profetizado pelo Rei Davi, em Salmos 110.4: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.

“Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão. assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 5.4 – 6). Esta ordem sacerdotal é tão importante, que não é para qualquer um, pois precisa ser convidado por um “pai” espiritual quem recebe como filho e  debaixo de sua cobertura espiritual. Abraão tinha S’mikhah e autoridade para dar cobertura à Abrão e legalmente introduzi-lo na sua Ordem sacerdotal.

Jesus também tinha S’mikhah para dar Paternidade e introduzir seus discípulos debaixo de sua cobertura na Ordem de Melquisedeque.

Cristo é sacerdote eterno segundo a Ordem de Melquisedeque e com pão e vinho Ele libera a bênção sobre a vida dos discípulos, revelando o real significado do rito. Hoje quando participamos do pão e do vinho na Santa Ceia sabemos que através deste rito (Kidush) o Senhor quer nos  santificar para o seu Reino Eterno para  passarmos a ser reis e sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque:

“ Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2.9)

“E nos fez reis, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” (Apocalipse 1.6)

Conclusão:

O rito do Kidush, a benção do pão e do vinho, era como uma forma de santificação, iniciada por Melquisedeque.

A primeira vez que aparece na Bíblia foi quando Abrão é abençoado pelo rei de Salém, Melquisedeque.

No Novo Testamento Jesus abençoa seus discípulos e institui a celebração da Santa Ceia.

O que hoje conhecemos como Santa Ceia é conhecido pelos Judeus como Kidush, a cerimônia da bênção do pão e do vinho.

FONTE: GUIAME, JOEL ENGEL

 

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