Tudo que esta relacionado a termos bíblicos originais tem sua pergunta no ar, visto que nós estamos falando de um período e de uma cultura muito longínqua da nossa. Entender seus detalhes logo de imediato parece ser um tanto quando impossível, visto que além da distancia temporal e cultura, temos também a falta do conceito de interpretação, pois precisamos de fontes para tal, e nos falta fontes reais e confiais ao alcance para montarmos nossa pesquisa. Uma das maiores interrogações esta no conceito de Tzedaka, que é compreendida de maneira errônea e muitas vezes traduzida de forma distante do seu conceito original, o que geralmente faz todos pensarem que Tzedaka não passa de uma doação de caridade e nada além disso, mas na realidade estamos observando um conceito bem distante do que realmente é.

Desde o momento da inauguração do Templo sagrado para os judeus que ofertavam seus sacrifícios, não importando na real qual fosse o nível de sacrifício: um grande animal como por exemplo um boi, ou um animal de médio porte como uma ovelha, ou até mesmo cereais, a oferta dependia do grau de possibilidade de cada um, o importante que essas ofertas eram aceita por Deus. Desde a menor oferta de uma pessoa pobre, até a doação do mais rico entre todos, eram aceitas diante de Deus.

Vários tipos de ofertas eram levadas diante de Deus através do sacerdote que recebia do povo e levava a Deus, assim como diz Hebreus 7.8: “E aqui certamente recebem as ofertas homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive.”, fica claro então que apesar de os sacerdotes serem mortais, eles são o transporte das ofertas para gerar um reação espiritual, pois através deles o Senhor nosso Deus as recebe. Uma dessas ofertas leva o nome de Tzedaka, mas onde de fato surgiu essa oferta? Vejamos:

Origem da Tzedaka

“Quando entre ti houver algum pobre, de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; Antes lhe abrirás de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.” Deuteronômio 15:7,8

Desse texto bíblico da lei sai a ordem das ofertas de Tzedaka, que e traduzida de maneira errônea como doação em caridade, mas na realidade se traduz como justiça social.  

Quando olhamos para a palavra Tzedaka temos nela a raiz vinda da palavra hebraica Tsedek (justiça). Quando você observa a raiz da palavra Tzedaka você passa a entender que vai além de caridade essa oferta, mas é uma oferta que precisa alcançar os quatro níveis de necessidade humana: física, emocional, material e espiritual, todas as vezes que alcançamos esses quatro níveis nessa oferta de justiça, então cumprimos de fato as instruções.

É interessante entender que existe diferença entre mandamento e instrução: mandamento é algo que devemos cumprir apenas por ser mandamento, ter que ser vivido sem desejo de recompensa além, pois o mandamento por si mesmo gera vida e mostra o amor que temos de forma altruísta para com nosso Senhor (Jo 14.15); por sua vez uma instrução gera recompensa, e nós só poderemos viver o nível da instrução quando vivemos o nível do mandamento, pois nossa vida dentro dos mandamentos mostrara ao pai que somo confiáveis para cumprir uma instrução e a cada instrução cumprida, temos de volta uma recompensa, por exemplo:

Você não recompensa seu filho por ele falar a verdade, pois isso é um mandamento que trará vida de forma natural para ele e evitara que ele receba um castigo, mas se você manda-lo em um mercado com cinquenta reais e sobrou um troco de dois reais, logo você diz a ele que ele pode ficar com o troco, por quê? Simples, por que ele cumpriu uma instrução que por sua vez gerou uma recompensa.

Quanto devemos dar de oferta de Tsedaka?

A lei nos instrui a dar um decimo de nossa renda liquida (lembrando que tsedaka não é o dizimo). Mas ainda nos ensina a lei que, dar vinte por cento ainda gera mais mérito (Shulchan Aruch Yore Dea 249:1). Essa oferta é mostrada na Bíblia e fora praticada por muitos, como por exemplo o próprio Abraão para o rei de Salem ( Genesis 14.20), Jacó também, e muitos outros. É de suma importância essa oferta, por que além de cumprirmos uma instrução dada pelo nosso Deus, ela revela até mesmo para nós que temos em Deus abundancia para podermos sobejar ao ponto de doarmos em forma de oferta.

O Rambam

O Rambam, Maimônides (1135-1204), um dos grandes codificadores das Lei Judaica, estabeleceu uma hierarquia de 8 pontos para esta lei:

1) Dar um presente, emprestar dinheiro, aceitar como sócio ou arrumar trabalho para alguém, antes que ele precise pedir caridade;

2) Fazer caridade com um pobre, onde ambos o doador e o destinatário não sabem a identidade um do outro;

3) O doador sabe quem é o destinatário, mas este não sabe quem é o doador;

4) O destinatário sabe quem é o doador, mas este não sabe para quem está doando;

5) O doador faz a caridade antes mesmo de lhe ser pedida;

6) O doador dá algo a um pobre depois de lhe ser pedido;

7) O doador dá menos do que deveria, mas o faz de uma maneira agradável e reconfortante;

8) O doador faz a caridade com avareza (ele sente incômodo neste ato, mas não o demonstra). 

Consta no Shulchán Aruch (O Código de Leis Judaico) (Yore Dea 249:3) que se a pessoa visivelmente demonstra desprezo, ela perde o mérito desta lei.

Então saímos desse conceito de uma simples oferta de caridade e passamos para outro nível de entendimento que, se ofertarmos nesse nível podemos compreender que: cumprindo uma instrução temos recompensa, cumprimos a justiça, confortamos a outros e vemos a abundancia que Deus nos deu, esses são alguns segredos revelados da Tzedaka e seus benefícios múltiplos.

Fonte: www.ministerioengel.com

Ouça o áudio Tzedaka e Tissadik