A Importância de um pai na África

FONTE: Ministério Engel

ATUALIZADO: 6 de janeiro de 2017

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Em meados do ano passado tive a oportunidade de conhecer o Arcebispo Bwambale Moday Wilson, líder de uma das maiores denominações da África, a Ágape Church, com mais de 8 mil Igrejas espalhadas pelo continente e milhares de pastores, bispos e arcebispos debaixo da sua cobertura. Esse homem tão importante e influente em suas terras, atravessou o Oceano Atlântico e chegou à Santa Maria com o objetivo principal de me pedir paternidade. Lembro que ele insistia em me perguntar se eu de fato estava entendendo o sentido dessa cobertura que ele estava me pedindo: “Eu quero que você seja o meu pai e tudo o que você falar eu vou fazer, vou obedecer, e nada farei sem lhe consultar primeiro”.

Assim que o ungi, em um culto abençoado na Casa de Oração, em Faxinal do Soturno, Bwambale me pediu que eu também adotasse a África. Essa ideia assustadora, se tornou grandiosa de mais para mim. Ser pai de uma pessoa já é muita responsabilidade, imagine assumir e adotar um continente do tamanho da África, com tantas carências, problemas e ainda mais, tão longe. Mas Deus foi me orientando e me direcionou a aceitar. O Senhor me fez lembrar que durante meus 30 anos de ministério, o Espírito Santo tem gerado filhos dentro de mim. Eu tenho orado por filhos espirituais, filhos profetas, debaixo da mesma unção que está sobre meu ministério. Assim, começamos um relacionamento de pai e filho, mesmo que a princípio, a distância. Paternidade segundo os costumes brasileiros Até esse momento minha visão de paternidade se resumia aos costumes brasileiros. Aqui, ser pai é ser provedor. Oferecer tudo o quanto puder financeiramente, sem esperar nada em troca. Se for preciso, dar a sua própria vida pelos filhos, sem que eles precisem corresponder, agradecer ou reconhecer, afinal de contas não passa de uma obrigação. Outra forma de entender paternidade no Brasil é através da cobertura. As pessoas pedem o acompanhamento de algum líder e esse passa a ser seu pai espiritual. Mas de repente, chega o tempo considerado “de Deus”, e aquela pessoa se vê no direito de quebrar a aliança, mudar de cobertura, ou seja, mudar de pai. Isto mostra o quanto um “pai” é desonrado, considerado apenas um trampolim para alcançar uma posição e logo é descartável.

Paternidade segundo os costumes africanos: Com o passar dos meses, me relacionando com meu mais novo filho espiritual pela internet, fui aprendendo uma forma diferente de ser pai e, especialmente, de ser filho. Porém eu só pude entender profundamente o sentido de paternidade ao chegar na África, mais precisamente um dia antes de voltar para o Brasil. Eu já tinha passado quase 30 dias fora do meu país, visitando creches, orfanatos, participando de conferências, divulgando o Projeto Daniel e a minha passagem já estava marcada. Ao saber da minha partida, o Arcebispo em lágrimas, falou que pensava que eu iria ficar a tempo de celebrar o seu aniversário (o que aconteceria no dia seguinte). Eu não conseguia entender sua tristeza pois a minha mente brasileira concebia a data do aniversário, com algo importante, porém não deixa de ser um evento anual, e poderíamos ter outras oportunidades futuramente. Mas para aquele homem, que com a mente africana entende o verdadeiro sentido de uma paternidade, aquela comemoração seria única. Primeiro porque ele nunca teve uma festa de aniversário. Segundo porque seu pai biológico o havia abandonado quando ele tinha apenas 4 anos de idade e de acordo com os costumes africanos a orfandade é uma desonra. Mesmo sendo pai de uma grande denominação, a Igreja Ágape, tendo sobre a sua cobertura milhares de pastores, bispos e arcebispos, ainda é uma desonra ser órfão. Graças a paternidade assumida no Brasil, a desonra foi retirada. “Aqui, quando o filho cresce e tem condições, ele compra uma roupa bonita para o pai, e o apresenta para a sociedade. Eu queria realizar esse sonho em minha primeira festa de aniversário”, me explicou o Arcebispo. Eu fiquei muito emocionado com aquela atitude tão simbólica. Com esse gesto ele queria mostrar para a sociedade que através daquele pai ele recebeu alegria, honra e cobertura, no sentido mais amplo da palavra. Geralmente é o pai quem veste o filho.

Elias deixou a sua capa para Eliseu (II Reis 2:13). Mas eu aprendi na África que o filho também dá roupa para o pai, como presente é uma forma de de gratidão e honra. Mas o que eu achei mais interessante, foi ver a necessidade do órfão africano de simplesmente ter um pai. Depois que Bwambale apresentou seu novo pai à sociedade sua autoridade e credibilidade, admiração e respeito cresceu diante da sociedade. Por isso Bwambale queria me presentear com uma roupa nova e entrar na festa de seu aniversário comigo, na presença de seus convidados, e assim foi. A unção de Paternidade Foi uma festa linda e longa, que invadiu a madrugada e continuou no dia seguinte. Mesmo sem entender seu idioma, dava para traduzir o brilho de orgulho que saltava de seus olhos, como quem diz: “eu tenho um pai, eu não sou órfão, não sou desamparado, tenho alguém que autentica meus projetos e luta por mim”. No segundo dia de celebração, o Arcebispo reuniu os líderes de todas as Igrejas Ágapes do continente e diante deles, me presenteou com uma roupa característica da África, um vestido comprido, de príncipe, com uma estola sacerdotal, cajado e anel e diploma. Vestiram-me, colocaram o anel no meu dedo, me deram o cajado e me ungiram perante os líderes. Depois da unção eles se curvaram ao meu redor e pediram que eu os abençoasse. Lembrei imediatamente de José, que em sonho, viu seus irmãos se dobrando diante dele (Gênesis 37:9).

Lembrei também da visão que o Senhor me deu me mostrando que eu seria pai de apóstolos, lideres de nações. Só depois eu fui entender melhor o que aconteceu. Aquela unção me fez pai de todos os bispos e arcebispos da Ágape Church, de onde agora sou diplomado como patriarca perpétuo, tendo a maior autoridade sobre a Igreja, pastores, bispos e arcebispos, inclusive do líder maior que é o próprio Arcebispo Bwambale. Fiquei pasmo ao entender que meu filho Bwambale e os Arcebispos da Igreja Agape me deram tanta honra e autoridade. Recebi também um segundo diploma, me declarando como Pai desta geração na África. Confesso que levei alguns minutos raciocinando para entender o que eles esperavam de mim naquele momento. No meu intimo eu ainda resistia àquela honraria, mas quando eles me ungiram eu entendi que era o Senhor que estava me distingindo naquele momento cumprindo uma promessa que Ele me fez lá no início do meu ministério. Gênesis 17 – 5. não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto; – Então decidi aceitar e falar: Quero transmitir, toda honra e toda Glória à Deus Pai todo poderoso, pois só Ele é merecedor deste mérito. Quero também dizer que não mereço tudo isso, mas agradeço e me submeto a vontade do Pai. Em Nome de Jesus eu recebo cada cada um de vocês como filhos amados do coração. E como pai a primeira coisa que quero fazer é abençoar todos os meus filhos em Nome de Jesus. Desde o maior até a menor criança da África eu os abençoo em Nome de Jesus. E todo o povo se alegrou de maneira extraordinária. Toda esta cerimônia aconteceu em um lugar chamada de NAKAWA onde o governador, e prefeito ali presentes são muçulmanos.

Mais tarde conversando com um Arcebispo fui entender melhor o que eles esperavam de mim. Desde os Arcebispos até o menor dos órfãos naquele lugar aguardavam com expectativa que eu aceitasse cada um deles como seus filhos, assim como eu aceitei o Bwambale. A alegria deles é porque eles puderam naquele dia dizer “temos um pai”. Para mim foi extremamente chocante o fato de um simples pai no Brasil, que não tem muita importância, poder se tornar tão importante, para tantas pessoas na África. A necessidade de pai na África é tão grande que eles estão dispostos a honrar, vivenciar e celebrar até mesmo um pai brasileiro. Essa foi uma das experiências mais marcantes que eu vivenciei na África, antes da minha partida, que me trouxe uma grande peso de responsabilidade. Algo que me leva agora a ter que estudar mais sobre esse assunto, para que eu saiba corresponder a tamanha expectativa de tantos órfãos e dos meus novos filhos africanos.

Deus nos abençoe! 

Fonte: www.ministerioengel.com

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