Famílias dos cristãos degolados pelo Estado Islâmico: “A morte deles nos reavivou”

Na última sexta-feira a execução de 21 cristãos pelo Estado Islâmico em uma praia da Líbia completou 4 anos.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA MISSÃO PORTAS ABERTAS (EUA)

ATUALIZADO: 20 de fevereiro de 2019

FacebookTwitterWhatsApp
No dia 15 de fevereiro de 2015, o Estado Islâmico divulgou o vídeo com a execução de 21 cristãos em uma praia da Líbia. (Foto: Reprodução)
No dia 15 de fevereiro de 2015, o Estado Islâmico divulgou o vídeo com a execução de 21 cristãos em uma praia da Líbia. (Foto: Reprodução)

 

“Nós só conhecíamos o martírio dos filmes, mas o martírio foi reintroduzido e fortaleceu nossa fé, porque essas pessoas, esses 21 mártires, viveram entre nós”. O relato do egípcio Malak mostra como a reintrodução do martírio nos dias modernos em escala mundial é especialmente preocupante e impactante para a igreja no Egito.

Ele é o pai de um dos 21 mártires mortos pelos terroristas do Estado Islâmico na costa da Líbia. Poucos esquecerão as imagens gráficas das decapitações em massa em um vídeo lançado e amplamente visto on-line em todo o mundo.

A última sexta-feira (15), marcou o quarto aniversário das mortes de 20 cristãos coptas do Egito (coptas são os cristãos nativos do Egito) e um cristão de Gana — todos os 21 foram mártires por sua fé cristã.

Nos dias e semanas que antecederam a sua morte, os sequestradores do Estado Islâmico teriam torturado os homens que viajaram os 1.200 quilômetros até a Líbia para encontrar trabalho e sustentar suas famílias. Os terroristas tentaram persuadi-los a negar a Jesus em troca de suas vidas. Todos eles se recusaram. De fato, durante a execução bárbara, os homens repetiram as palavras “Senhor Jesus Cristo” pouco antes de serem degolados.

Novo livro retrata a fé das famílias

O novo livro intitulado “Os 21: Uma jornada para a terra dos mártires coptas”, do romancista e poeta alemão Martin Mosebach inclui entrevistas com as famílias dos homens que foram mortos.

Segundo relatos, o que ele encontrou foi “um ponto de vista completamente diferente do martírio”.

“Sem lamentação, sem luto, sem piedade, mas sim com orgulho e felicidade. Isso não foi visto como uma injustiça ou um incidente que não deveria ter acontecido. Pelo contrário, mães, viúvas, irmãos e pais falavam a mesma língua”, contou um autor em um dos trechos do livro.

Mosebach comentou sobre a esperança do Céu e a fé das famílias com quem passou um tempo no Alto Egito: “Havia realmente a presença do sobrenatural nas vidas dessas pessoas muito simples que não eram místicas de forma alguma. Eram pessoas com uma teologia muito simples, mas era uma verdadeira teologia”, disse ele.

“A fé de todos”

As observações de Mosebach se alinham com as palavras das famílias, que falaram sobre seus entes queridos — e sua própria fé — no ano passado, quando a igreja com um homenagem aos mártires foi inaugurada. Fortalecidos por ver e ouvir a fé de seus entes queridos martirizados, os membros das família responderam rapidamente. Apenas três meses após o lançamento do vídeo, eles iniciaram a construção da igreja com a homenagem a todos os 21 homens.

Esta casa de culto, eles propuseram, seria construída na província de Minya, no Alto Egito, na pequena aldeia agrícola de al Aour (155 milhas ao sul do Cairo) — a área onde 13 dos mártires egípcios viviam. No ano passado, a Igreja dos Mártires da Fé e da Pátria abriu suas portas.

“Estou orgulhoso de que meu pai esteja nas fotos da igreja”, disse Fifi Shehata, a filha de Maged, em uma entrevista no ano passado. “É uma grande honra … No começo, era difícil lidar com o fato de nosso pai ter sido martirizado, mas depois nos sentimos confortados por Deus”.

Malak olha além dos assassinatos sem sentido e compartilha uma perspectiva da eternidade. Suas palavras refletem a esperança, lembrando da famosa observação do autor cristão do século II, Tertuliano: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.

“Para ser honesto, fiquei orgulhoso quando vi meu filho no vídeo”, disse ele ao World Watch Monitor, “porque eu sabia o lugar para onde ele estava indo [céu]. E quando vi que ele morreu com o nome de Jesus em seus lábios, também fiquei muito orgulhoso”.

Malak disse que sua própria fé, assim como a fé de toda a comunidade cristã no Egito, cresceu como uma resposta ao mal realizado naquele domingo, 15 de fevereiro de 2015. De fato, seus insights são comprovados. Os parceiros da Missão Portas Abertas (EUA) no Egito continuam a compartilhar que a Igreja está crescendo como resultado da perseguição, à medida que um número crescente de muçulmanos deixam o Islã e se voltam para Cristo.

O homem se mostra grato por esta igreja ser construída em nome de todos os 21 mártires: “Isso é ainda melhor”, diz ele. “A fé de todos nós cresceu”.

A esposa do mártir de 29 anos, Samuel Abraham ecoou as palavras de Malak. Apenas uma semana depois de saber que seu marido era um dos 21 homens, ela disse ao Vice News: “O Estado Islâmico achava que a morte de nossos parentes nos destruiria. Isso não aconteceu. Isso nos reavivou”.

Em outubro de 2017, a Líbia oficialmente confirmou que havia encontrado os corpos dos cristãos decapitados, e em maio de 2018, as famílias dos 20 homens egípcios receberam os restos de seus entes queridos, que foram enterrados na nova igreja.

FacebookTwitterWhatsApp

COMENTÁRIOS